anamorfemas
Poemas visuais criados pela artista Ana Letícia Penedo em 1991, são retomados com nova versão com impressão em plotter. Fazem alusão à palavra anamorfose: processo de transformação, distorção, recombinação e fusão da imagem. Autorretratos alterados com experiências em eletrogravura, a partir de fotos feitas pelo fotógrafo Augusto Coelho.
A imagem e seus múltiplos alongados, efeitos, defeitos produzidos com a interferência direta da mão na máquina de xerox. Reflexos esgarçados do self.
Ana, morfoses, poemas, morfemas...
"Dos piquetes na greve da CSN em Volta Redonda no começo dos anos 80 à linha amarela pintada no chão pelo Grupo Cobra na Bienal de São Paulo nos anos 90, tem sapateado por aí, por acolá e alhures o par de tênis de Ana Letícia Millen Penedo. Escritura com o corpo incendiado pela alma artista são as impressões digitais e analógicas deixadas por essa artista sul-fluminense que muitas vezes se faz expressar no amor compassivo pela arte e os artistas, como o pai Clécio Penedo ou o amigo-irmão Ronaldo Auad. E ainda na dedicação afetuosa de eterno aprendiz na atividade de arte-educadora.
Amar sendo mesmo não a sua última obra mas a primeira e o motivo de tudo, de todas as inquietações no diálogo afetuoso e estético também travado com poetas e músicos. Ela mesma sendo excelente violonista, cantora e pintora de poemas que declama com vigor maiacoviskiano quando lhe dar na telha: arte, forma e vida revolucionárias. Doação em vez de promoção pessoal. Assim é a Poetícia Letisga.
Anamorfemas são poemas do corpo, primeiro e derradeiro reduto do homem livre reabocanhando sua alforria na máquina xerox - a repetidora, a copiadora como instrumento de auto recriação. Auto analogias e neo analogias a criar dialogias infinitas consigo mesma e a oferecê-las ao olhar do outro, fascinado pelo obscuro espelho onde tenta se ver e não se enxerga pleno, pois são fugívagas as formas que ela nos oferece ao assim se redesenhar. E ao espiarmos esses desretratos também nos transformamos e somos resgatados da condição de voyeurs para o estatuto de viajantes. A caverna especular nos convida e nos conduz para dentro de nós mesmos. Ana, em seu antinarciso, nos chama. Nos conclama. Formemos com ela. Transformemo-nos. Anaformemo-nos. Let's!"
(Chico César, cantor e compositor)

eletrogravuras, 1991-2015 90x108cm

eletrogravuras,1991-2015 62x87cm

eletrogravuras, 1991-2015 56x88cm

eletrogravuras, 1991-2015 51x90cm

eletrogravuras, 1991-2015 58x90cm

eletrogravuras, 1991-2015 58x90cm